Falando sério.
Por que você quer escrever?
Pra ficar famoso, pra ser conhecido, pra se tornar imortal? Ou porque vc sente uma incoercível força que ataca e queima seus órgãos um por um e aos poucos toda vez que você fica sem escrever?
E pra quem vc escreve?
O mundo vai acabar um dia. Talvez você seja reconhecido e seu nome seja lembrado por décadas, centenas, talvez milhares de anos, como os velhos filósofos. Mesmo que seu livro permaneça na mente de cada um e suas palavras se perpetuem ao longo dos anos, um dia a história como a gente conhece vai acabar. Ou não. Que seja.
Tudo é uma incógnita e a expectativa é a única coisa que fica até o último dos dias. Por que nós nos vestimos bem, nos arrumamos e nos preocupamos com as palavras e com as atitudes? O que nos guia é a expectativa que temos, de como os outros vão agir e do que vão pensar de nós. O tempo todo. A preocupação de ser julgado.
Mas e a expectativa que temos de nós mesmos? Não conta? Não queremos viver a própria vida? Estamos tão preocupados em aceitação, em ser reconhecido, que esquecemos que a única coisa que importa é o que a gente escolhe fazer pelo simples fato de querer agir?
Por que nós escrevemos? Por que fazemos o que fazemos? É o impulso de querer ser ou de competir que rege a verdadeira natureza do ser humano? De onde vem os melhores e os piores sentimentos? Onde guardamos nossos segredos mais profundos por medo de sermos julgados?
E a melhor de todas: a quem estamos enganando?
Há sete bilhões de pessoas no mundo e cada uma delas tem uma vida, uma jornada. Até onde eu sei ninguém consegue ler pensamentos nem compartilhar a consciência como os Sense8, embora sintamos as mesmas coisas. A questão é que não dividimos a nossa vida, dividimos nossa atenção, nosso carinho, nossos sentimentos, mas a vida só pode ser vivida por um. O que funciona pra um pode não funcionar pro outro. O que uma pessoa espera ganhar ao repetir o discurso do próximo sem ao menos se identificar com ele? E de que adianta viver com medo de ser julgado, quando na verdade o único julgamento que importa é de quem está vivendo essa vida?
Se você vive repetindo: “quero muito escrever um dia”, “ah, preciso parar pra escrever o que eu quero”, mas nunca para de fato pra escrever, você deveria repensar suas prioridades. Ou você está se enganando porque quer repetir os passos de alguém que escreve ou você está se enganando porque quer repetir os passos de alguém que não escreve.
Eu volto a perguntar: por que e pra quem você quer escrever?
Caramba….
Pode falar palavrão aqui, digo, palavrão mais “ão” que caramba?
Não sei se você viu nesse seu post a mesma profundidade que estou vendo, talvez porque eu fiz tanto isso na minha vida… Esse negócio de “um dia vou…”
E olha que teve um monte de “um dia vou…” que eu fiz e muita gente se surpreende ao saber, mas de uns anos para cá fiquei um pouco… apático.
O que você escreveu vale para a vida, viu?
Nós fazemos muito isso! DIzemos que queremos viajar, mas inventamos desculpas para não poder. Nós construímos castelos de sonhos e vivemos satisfeitos com a possiblidade deles acontecerem um dia, assim, por mágica.
Isso está mais para imposssibilidade que para possibilidade. Talvez aconteça para uma em cada 10 milhões de pessoas… Ah! mas aí um pedacinho da gente diz para esperar porque, se acontecer, é porque somos um em dez milhões e algum tipo de divindade deve nos amar muito para nos presentear com esse sonho mágico.
Cacete… Ops! Saiu? Droga, agora já falei…
Seria melhor se entregássemos esse devaneio arrogante somente, sei lá, à sorte de ganhar na loteria e agíssemos ativamente todo dia para construir nossos castelos de sonhos no mundo de verdade.
Desse jeito, apenas de jamais ganharmos da loteria, pelo menos construiremos uma vida que será boa para nós e também para os outros, afinal quem constroi coisas faz bem a todo mundo… Bem, tem quem construa armas então… Aff! Não vou sujar esses pensamentos com isso! Keep it shine! 😉
Vc realmente devia escrever um post com esse comentário e aproveitar para destrinchá-lo melhor! =)
Adorei! Obrigada! Bjão!